Estudo aponta que amigos são geneticamente como primos distantes

Participantes que pertenciam a um mesmo círculo social compartilhavam quase 1% de genes similares

Participantes que pertenciam a um mesmo círculo social compartilhavam quase 1% de genes similares

 

Os indivíduos que pertencem a um mesmo círculo social se parecem entre si tanto quanto primos de quarto grau. O novo estudo também revelou que as pessoas escolhem amizades geneticamente parecidas.

A pesquisa se fundamenta em uma base de dados do Framingham Heart Study, de Massachusetts (EUA), que compreende cerca de 1,5 milhão de marcadores genéticos de pessoas inter-relacionadas.

Os autores concentraram-se em um grupo de 1.932 indivíduos. Entre eles, compararam casais de amigos sem vínculos de parentesco a casais de pessoas que não se conheciam. A maioria dos voluntários era branca e de origem europeia.

Os participantes que pertenciam a um mesmo círculo social compartilhavam quase 1% de genes similares, ou seja, muito mais do que o compartilhado por pessoas sem vínculos de amizade.

Esse percentual de similaridade genética é o mesmo que têm os primos de quarto grau, destacou o estudo.

— Embora 1% dos genes pareça pouco, para os geneticistas, é uma cifra muito importante— assegurou Nicholas Christakis, professor de Sociologia, Biologia, Evolução e Medicina da Universidade de Yale.

Ele acrescentou ainda que, de alguma forma, damos um jeito para escolher como amigas pessoas que se parecem com a nossa família entre inúmeras possibilidades.

 

Ter amigos faz bem

O Estudo Bem-Estar, iniciativa da Unimed Porto Alegre, dá mais um motivo para você encher a sua vida de bons amigos. Segundo a pesquisa, que mede o nível de felicidade dos moradores de várias cidades do Rio Grande do Sul, ter afetos positivos aumenta o nível de bem-estar. O afeto explica 46% da variação do bem-estar na amostra pesquisada.

FONTE: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/bem-estar/noticia/2014/07/estudo-aponta-que-amigos-sao-geneticamente-como-primos-distantes-4551743.html

Cientista de Harvard descobre “gene Wolverine”

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O cientista George Daley, da Universidade de Medicina de Harvard, descobriu acidentalmente um gene com poder semelhante ao do personagem Wolverine. Ou seja, consegue acelerar a cicatrização de sangramento e lesões. As informações são do portal CNET. O gene se chama Lin28a. Ele se forma no organismo quando o bebê ainda está em formação na barriga da mãe. O problema é que o gene perde força ao longo do crescimento do ser humano, como se adormecesse.

Mas Daley acredita que é possível despertar esse gene em pessoas adultas. Ao fazer isso, seria possível acelerar o processo de cicatrização de tecidos, algo muito importante em cirurgias e outros processos cirúrgicos. O cientista descobriu esse poder do gene enquanto fazia experimentos sobre o câncer. Daley e sua equipe fizeram pequenos furos nas orelhas das cobaias com o gene Lin28a. Foi quando repararam que os furos se regeneraram quase instantaneamente. Então, fizeram cortes nos dedos dos pés e rasparam os pelos das costas. E o gene fez com que crescessem em uma velocidade mais rápida que a habitual.

Os pesquisadores acreditam que o gene pode estar ligado a um sistema de autorrenovação das células-tronco. Isso daria aos pacientes habilidades especiais de regeneração. “Parece ficção científica, mas Lin28a poderia ser parte de um coquetel de cura que daria aos adultos a capacidade de reparação dos tecidos”, disse Daley ao CNET.

Fonte: Info Abril

Reação em Cadeia da Polimerase – PCR

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O advento da biologia molecular foi certamente um dos maiores passos das ciências biológicas durante o Século XX. A descoberta da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) trouxe enormes benefícios e desenvolvimentos científicos como o sequenciamento de genomas, a expressão de genes em sistemas recombinantes, o estudo de genética molecular, a determinação rápida da paternidade e o diagnóstico rápido de doenças infecciosas.
A Reação em Cadeia de Polimerase (PCR, do inglês Polymerase Chain Reaction), é uma metodologia que pode ser executada inteiramente “in vitro” sem o uso de células. A técnica da PCR foi desenvolvida nos anos 80 por Kary Mullis, que recebeu, em 1994, o prêmio Nobel.
A PCR possibilita a síntese de fragmentos de DNA, usando a enzima DNA-polimerase, a mesma que participa da replicação do material genético nas células. Esta enzima sintetiza uma sequência complementar de DNA, desde que um pequeno fragmento (o iniciador, ou primer, em inglês) já esteja ligado a uma das cadeias do DNA no ponto escolhido para o início da síntese. Os iniciadores definem a sequência a ser replicada e o resultado obtido é a amplificação de uma determinada sequência DNA com bilhões de cópias.
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Utilização da Técnica[11]
O desenvolvimento da técnica de amplificação de segmentos de DNA utilizando a PCR abriu enormes perspectivas para a análise de genes, diagnóstico de doenças genéticas e detecção de agentes infecciosos como citomegalovírus, vírus da hepatite B e C, herpes vírus simples, vírus da rubéola, vírus da imunodeficiência humana (HIV), Chlamydia trachomatis, Helicobater pylori, Mycobacterium tuberculosis e Pneumocistis carinii.
O avanço da ciência sobre a compreensão dos genes trouxe para a rotina do laboratório de genética, ferramentas que permitem o diagnóstico em nível molecular. Na linha das doenças genéticas, o permanente desenvolvimento de novos protocolos tem permitido a pesquisa de pequenas alterações na sequência de DNA, como, por exemplo, na fibrose cística.
Outras aplicações especialmente úteis para a PCR é a clonagem de um determinado fragmento de DNA, que pode ser um gene e o conhecimento do DNA codificante (cDNA) obtido a partir da molécula de RNA, o que permite o estudo da expressão de genes.
Finalmente, a PCR tem um grande potencial na medicina forense. Sua sensibilidade torna possível utilizar uma amostra bastante pequena (traços mínimos de sangue e tecidos que poderiam conter os restos de somente uma única célula) e ainda se obter uma “impressão digital de DNA” da pessoa da qual a amostra foi coletada, podendo assim fazer comparações com aqueles obtidos de vítimas e/ou suspeitos de casos de infração penal.
O genoma de cada ser humano (exceto dos gêmeos idênticos) é diferente nas regiões polimórficas, sendo possível amplificar essas regiões. Assim, a pesquisa de STRs (Small Tandem Repeats) através da PCR, utilizando um conjunto de iniciadores que cobrem estas partes altamente variáveis do genoma humano, pode gerar uma impressão digital característica de DNA para cada indivíduo.
Técnica em vídeo[3]
DESNATURAÇÃO
A temperatura elevada ( geralmente >90ºC ) separa a cadeia dupla de DNA. As duas fitas de DNA são mantidas unidas por pontes de hidrogênio (relativamente fracas), que se rompem em altas temperaturas. As ligações entre as moléculas de fosfato e desoxirribose (ligações covalentes e mais fortes) permanecem intactas.
HIBRIDIZAÇÃO OU ANNEALING
Temperatura de annealing ou hibridização: normalmente encontra-se entre 40°C e 65°C, dependendo do comprimento dos primers e da sua sequência. Os iniciadores (os primers) marcam as extremidades da sequência alvo: estes iniciadores são curtas sequências sintéticas de nucleotídeos, entre 20 e 30 bases. Numa reação de PCR são incluídos dois primers, um para cada cadeia simples de DNA que foi produzida durante o passo de desnaturação.
EXTENSÃO
Após a ligação dos primers ou iniciadores às sequências complementares de DNA, a temperatura eleva-se a aproximadamente 72ºC e a enzima taq polimerase replica a cadeia de DNA. O processo de síntese é iniciado onde estão ligados os primers, incorporando os nucleotídeos complementares à sequência alvo através dos dNTPs em solução. A extensão inicia-se sempre no extremo 3’ do primer. A taq polimerase sintetiza exclusivamente na direção 5’ para 3’.
REVELAÇÃO
Finalizada a PCR, o próximo passo é detectar a presença de produtos amplificados. Em geral, isso é realizado pela eletroforese em gel de agarose (corado com brometo de etídeo) ou poliacrilamida (corado pelo nitrato de prata).
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Referência: NOVAIS, C.M; ALVES, M.P. PCR em tempo real. Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento. Edição nº 33. 2004.

Pesquisa cria imagem 3D de rosto humano a partir de amostra de DNA

Modelos de rosto humano criados a partir de informações genéticas. A imagem mostra faces projetadas com base em características associadas à ascendência africana ou europeia (Shriver Claes/Penn State)

Modelos de rosto humano criados a partir de informações genéticas. A imagem mostra faces projetadas com base em características associadas à ascendência africana ou europeia (Shriver Claes/Penn State)

 

No futuro, um fio de cabelo deixado na cena de um crime pode ser uma pista tão importante quanto a fotografia do próprio criminoso. Isso porque pesquisadores americanos desenvolveram um programa de computador capaz de criar imagens tridimensionais da face de uma pessoa a partir de amostras de seu DNA.

De acordo com esses especialistas, prever a cor dos olhos ou do cabelo de uma pessoa pela análise de um gene é relativamente fácil. Já as informações genéticas relacionadas ao formato do rosto e ao tamanho do nariz são mais complexas, porque um gene sozinho não determina um nariz grande ou pequeno.

Em um estudo publicado nesta quinta-feira no periódico Plos Genetics, pesquisadores da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, buscaram identificar conjuntos de informações genéticas capazes de dar informações sobre o formato da face.

Para isso, a equipe tirou fotografias de alta resolução do rosto de 592 pessoas com ascendências diferentes e, portanto, com materiais genéticos diversificados. A partir dessas imagens, os pesquisadores criaram modelos tridimensionais definidos por mais de 7 000 pontos, com base nas características daquele rosto, como o tamanho do nariz ou o formato das maçãs do rosto.

Depois, os autores compararam o genoma de cada participante para identificar trechos do DNA que se diferenciavam da média. A partir de um modelo estatístico, eles identificaram variações em vinte genes significativamente associados ao formato do rosto. Os pesquisadores, então, criaram um programa de computador capaz de usar os dados do DNA dos participantes para prever a face de cada um.

De acordo com Mark Shriver, professor de antropologia e coordenador do estudo, ele e sua equipe pretendem realizar a pesquisa com mais pessoas e identificar genes envolvidos em outras características, como a textura do cabelo. “Hoje, nós não podemos prever completamente o rosto de alguém pelo seu DNA, mas isso é possível”, diz.

Fonte: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pesquisa-cria-imagem-3d-de-rosto-humano-a-partir-de-amostra-de-dna>Às 18:16. 25 de Março de 2014

Cientistas localizam gene que liga estrutura do cérebro a inteligência

Massa cinzenta, objeto do estudo, desempenha um papel fundamental na memória, atenção, percepção, consciência, raciocínio e linguagem (Thinkstock)

Massa cinzenta, objeto do estudo, desempenha um papel fundamental na memória, atenção, percepção, consciência, raciocínio e linguagem (Thinkstock)

 

Pesquisadores encontraram um gene que vincula a inteligência à espessura da massa cinzenta cerebral. Segundo eles, a descoberta poderá ajudar os cientistas a entenderem como e por que algumas pessoas têm dificuldades de aprendizado, como portadores de esquizofrenia e autismo. O estudo foi publicado nesta terça-feira no periódico Molecular Psychiatry.

Os cientistas analisaram amostras do DNA de mais de 1 500 adolescentes saudáveis de 14 anos, assim como o córtex cerebral de cada um, por meio de exames de ressonância magnética. Essa região corresponde à camada mais externa do cérebro, chamada de massa cinzenta, e  desempenha um papel fundamental na memória, atenção, percepção, consciência, raciocínio e linguagem. Além disso, os jovens foram submetidos a testes de inteligência verbal e não verbal.

Em uma segunda etapa, os pesquisadores analisaram mais de 54 000 variáveis genéticas possivelmente envolvidas no desenvolvimento cerebral e descobriram que, em média, os adolescentes com uma variante genética específica tinham um córtex mais fino no hemisfério cerebral esquerdo — e se saíam pior nos testes de capacidade intelectual.

“A variação genética que identificamos está associada à comunicação dos neurônios “, disse Sylvane Desrivieres, líder do estudo do Instituto de Psiquiatria do King’s College, na Inglaterra. “A descoberta pode nos ajudar a entender o que acontece em certas formas de deficiências intelectuais que comprometem a capacidade de comunicação dos neurônios.”

Sylvane salientou que suas conclusões não equivalem à descoberta de um “gene da inteligência”. “É importante frisar que nossa inteligência está influenciada por muitos fatores genéticos e ambientais. O gene que identificamos explica apenas uma pequena parte das diferenças na capacidade intelectual.”

(Com Reuters)
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/cientistas-localizam-gene-que-liga-massa-cinzenta-a-inteligencia  às 19:28. 08 de Março de 2014.

Peste negra deixou marca no genoma humano, diz estudo

Pesquisadores identificaram um grupo de três genes ligados ao sistema imunológico que aumenta a resposta à bactéria causadora da peste bubônica.

Pesquisadores identificaram um grupo de três genes ligados ao sistema imunológico que aumenta a resposta à bactéria causadora da peste bubônica.

 

Cientistas descobriram que a peste negra — como ficou conhecida a epidemia de peste bubônica que causou milhões de mortes na Europa no século XIV — deixou uma marca no genoma humano. A conclusão é de um estudo realizado por uma esquipe internacional de pesquisadores e publicado nesta segunda-feira no periódico Pnas.

Ao longo do tempo, o sistema imunológico humano evoluiu em resposta a doenças infecciosas. Algumas “versões” dos nossos genes ajudam a combater infecções melhor do que outras, e as pessoas que as possuem têm mais chances de sobreviver e se reproduzir — transmitindo esses genes para gerações futuras — do que as demais, em um processo denominado seleção positiva.

Para se aprofundar nesse fenômeno, o imunologista Mihai Netea, da Universidade de Radboud, na Holanda, e sua equipe analisaram dois grupos étnicos distintos que viviam na Romênia durante o período da peste negra: os roma, como são chamados os ciganos, e os romenos europeus.

O povo cigano deixou o norte da Índia e se instalou na Europa há cerca de 1.000 anos. Quando a epidemia começou, os dois povos já estavam estabelecidos na Romênia, mas, por questões culturais, quase não havia miscigenação entre eles, de modo que seus genes permaneciam distintos.

Genoma – Os cientistas estudaram o genoma de 100 ciganos, 100 romenos e 500 descendentes dos povos do Norte da Índia, cujos ancestrais permaneceram no local depois da emigração dos roma. Como a epidemia não atingiu a Índia, ela não poderia ter causado mudanças no genoma destas pessoas.

Os pesquisadores encontraram vinte genes que sofreram mudanças nos ciganos e romenos, mas não nos indianos. Três genes que despertaram o interesse dos cientistas estavam ligados ao sistema imunológico, localizados no cromossomo 4 — eles codificam receptores do tipo Toll, proteínas que atuam na defesa do organismo, atacando bactérias invasoras.

Ao testar a influência desses genes contra a Yersinia pestis, bactéria causadora da peste negra, os pesquisadores descobriram que a intensidade da resposta imunológica variava de acordo com a sequência desses genes. Concluíram, assim, que ciganos e romenos têm a mesma versão desses genes devido à pressão exercida pela epidemia. Outros europeus, cujos ancestrais também enfrentaram a peste bubônica, apresentaram a mesma variação, ausente em chineses e africanos — locais não atingidos pela peste. Segundo os autores, as adaptações causadas pela exposição à peste negra causaram mudanças no genoma que persistem até os dias de hoje.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Convergent evolution in European and Rroma populations reveals pressure exerted by plague on Toll-like receptors

Onde foi divulgada: periódico Pnas

Quem fez: Hafid Laayouni, Marije Oosting, Pierre Luisi, Mihai Ioana, B. K. Thelma, Cisca Wijmenga, Leo A. B. Joosten, Jaume Bertranpetit e Mihai G. Netea

Instituição:Universidade de Radboud, na Holanda, e outras

Resultado:Cientistas descobriram que a peste negra deixou uma marca no genoma humano

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/peste-negra-deixou-marca-no-genoma-humano-diz-estudo

Teste rápido de DNA

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O produto tem um ‘chip’ que detecta no sangue de pacientes a presença de certos trechos de DNA, que podem ser alterações genéticas associadas a problemas de saúde ou sequências do material genético de microrganismos patogênicos. (foto: QuantuMDx)

 

Uma gota de sangue e 10 minutos de espera é o que vai bastar para você saber se tem alguma alteração genética associada a uma doença grave ou se está infectado com algum parasita. Essa é a promessa de um dispositivo portátil e descartável desenvolvido por cientistas da Austrália e dos Estados Unidos que será lançado já no ano que vem para detectar malária.

O produto inovador é uma espécie de cartão, do tamanho de um celular, que usa um chip para detectar trechos específicos de DNA em uma gota de sangue.

No caso da malária, o chip é preparado com trechos de metade da fita de DNA do parasita causador da doença, o Plasmodium, e reagentes que dividem o DNA do sangue testado. Se a gota de sangue estiver contaminada com o microrganismo, o DNAdo invasor se une aos trechos do chip. O resultado desse processo é verificado por uma máquina na qual o dispositivo é inserido para que seja fornecido o diagnóstico final.

Para o teste de alterações genéticas, o procedimento é o mesmo. O chip é preparado com trechos de DNA que contenham as mutações procuradas. Cada dispositivo podeser desenhado para fazer até 1.500 testes.

O geneticista John Burn, professor da Universidade de Newcastle (Reino Unido) e diretor da empresa que vai fabricar o produto, a QuantuMDx, acredita que a invenção vai mudar totalmente o modo como os testes genéticos são feitos hoje.

“A nossa tecnologia vai tornar o genoma completo dispensável, pois desenhamos perguntas específicas para problemas específicos”, disse em entrevista durante o 6º Fórum Mundial de Ciência, que acontece esta semana no Rio de Janeiro. “Não será mais preciso esperar semanas para ter o sequenciamento completo do seu DNA se você poderá simplesmente fazer o teste para procurar pelas alterações e doenças que lhe interessam.”

O teste convencional de genoma, que analisa todos os genes ativos em busca de mutações associadas a doenças, está cada vez mais popular. Se, em 2000, custava até 100 milhões de dólares, hoje é feito em laboratórios estrangeiros por cerca de mil dólares. Mas o novo dispositivo, além de mais rápido, pode ser ainda mais barato.

Segundo Burn, cada dispositivo descartável desenhado para um único teste vai custar em torno de 20 dólares se comprado em pequenas quantidades e cinco dólares se produzido em larga escala por algum fabricante médico interessado.

Além do teste para malária, já está sendo desenvolvido um teste para detectar alterações no gene BRAF, ligado ao câncer de pele, e outro para detectar marcadores genéticos associados à resistência ao medicamento varfarina, anticoagulante usado no tratamento de trombose que pode ocasionar sangramentos como efeito colateral.

Em 2014, o dispositivo estará disponível para detectar o material genético do parasita causador da malária, o ‘Plasmodium’, no sangue do paciente. (foto: MichaelZahniser/ Wikimedia Commons)

Em 2014, o dispositivo estará disponível para detectar o material genético do parasita causador da malária, o ‘Plasmodium’, no sangue do paciente. (foto: MichaelZahniser/ Wikimedia Commons)

Burn avisa que o dispositivo pode ser desenhado para detectar qualquer alteração genética associada a qualquer doença conhecida.

Nas mãos do paciente

A ideia do geneticista é que o dispositivo seja vendido para hospitais, clínicas, consultórios e também para pessoas individualmente. Segundo ele, os testes poderiam ser manuseados pelo próprio paciente e encaminhados para uma central que dispusesse da máquina leitora que provê o resultado.

O teste pode ser feito por qualquer um, sem a necessidade de um treinamento médico”, disse. “Isso vai facilitar o diagnóstico em nações mais pobres e sem sistemas desaúde estruturados, como, por exemplo, os países da África que sofrem com a malária, e até o interior do Brasil”. E continuou: “Além disso, vai dar mais privacidade ao paciente. Meninas jovens que quiserem fazer um testepara uma doença sexualmente transmissível, como a clamídia, e tiverem vergonha de dividir a suspeita com um médico vão poder aplicar o teste em si mesmas e depois só pegar o resultado.”

O cenário descrito por Burn pode parecer bom, entretanto não é aceito por todos. O físico e especialista em política científica húngaro József Pálinkás, que preside o Fórum Mundial de Ciência, defende que testes genéticos devem ser feitos com a assistênciade um médico ou geneticista.

“Acredito que esse não é o melhor modo de desenvolver testes”, disse. “As pessoas pegam todo tipo de informações e nem sempre sabem usá-las apropriadamente. Ainda precisamos da expertise médica para nos direcionar.”

Sofia Moutinho
Ciência Hoje On-line

1969: Primeira intervenção no código genético humano

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Flores, folhas e sementes de ervilhas, ovais e poligonais, vermelhas e brancas. Gregor Mendel, monge augustino austríaco, polinizou-as no jardim do mosteiro de Brno, cruzou-as e observou o resultado. Em 1866, Mendel descobriu assim as bases da hereditariedade, mas ninguém na época quis acreditar. Durante anos, as anotações do monge ficaram esquecidas em gavetas.

No fim do século 20, porém, a decodificação da herança genética provocou uma corrida científica. Em 26 de junho de 2000, o cientista Craig Venter, proprietário da empresa Celera Genomics, e Francis Collins, coordenador do projeto Genoma Humano (HUGO), fomentado com recursos públicos de diversos países, anunciaram conjuntamente, numa entrevista com toda pompa em Washington, terem decifrado a herança genética do ser humano.

“Nós estamos profundamente agradecidos pelo privilégio de sermos a primeira geração a poder folhear as páginas do livro que revela o segredo da vida, escrito na linguagem da idade, alguns diriam na linguagem de Deus”, declarou Venter.

Complexidade

Mais de três bilhões de caracteres genéticos estão decodificados, ou seja, de 30 a 40 mil genes. Eles fazem o ser humano. A interação dos genes é complexa demais e determinados fatores ambientais desempenham papel tão fundamental que não se pode afirmar qual ou quais genes poderiam ser responsáveis, por exemplo, pela pressão do sangue, ou se há um gene para alcoolismo, olhos azuis, cabelos loiros, musicalidade, bom ou mau caráter.

“Não estamos num filme de faroeste, no qual se identifica o bom e o mau pela ponta do nariz, mas acho que trata-se de o bem contra o bem. Nós temos de deixar dois princípios bem claros neste difícil debate sobre limites. Nós vamos precisar deles e, à pergunta ‘O homem pode tudo? O que pode?’, pode-se desde já responder com um não”, observou Margot von Renesse, presidente da Comissão de Direito e Ética na Medicina Moderna, do Parlamento alemão.

Até o momento, o medo de criação de seres humanos e as visões de Frankensteins são infundados. Talvez o passo dado em direção à manipulação genética humana seja na verdade bem pequeno. Em janeiro de 2001, cientistas apresentaram Andi, o primeiro macaco transgênico do mundo. Segundo seus criadores, exclusivamente para fins medicinais. Com auxílio de um gene de Alzheimer infiltrado, poderia se testar no animal medicamentos e vacinas para seres humanos.

Passos cruciais

Entre o início, ou seja, quando Gregor Mendel fez suas experiências com ervilhas, e o momento atual, do macaco rhesus geneticamente modificado, da cartilha de Craig Venter e da desconfiança sobre os verdadeiros intuitos dos cientistas, onde deram-se os passos cruciais?

Um deles aconteceu em 23 de novembro de 1969, na Universidade de Harvard, em Boston. Na ocasião, uma equipe de pesquisadores, sob a direção do bioquímico Jonathan Beckwith, conseguiu pela primeira vez isolar um gene.

Beckwith: “Aquele foi realmente um grande dia. Foi a primeira intervenção em nosso patrimônio hereditário. Nós trabalhamos com bactérias muito populares, de formação muito simples. Chamam-seEscherichia coli. São bacilos que vivem no intestino humano e cuidam para que ele funcione. O gene que nós isolamos foi – por assim dizer – a base para tudo o que veio em seguida em termos de engenharia genética.”

Aqui alguns dos passos seguintes: Em 1973, pesquisadores americanos conseguiram infiltrar o gene de um sapo na bactéria intestinal. Nos EUA, chega ao mercado em 1982 o primeiro medicamento produzido pela engenharia genética, a insulina. O primeiro mamífero transgênico, o rato oncomouse, é patenteado em 1988 nos Estados Unidos.

Dois anos depois, começou o projeto Genoma Humano, no qual cientistas de todo o mundo se uniram para decifrar o código genético. Em 2000, Craig Venter e os cientistas do Genoma Humano apresentaram a cartilha completa do patrimônio genético humano.

 

  • Autoria Judith Hartl (mw)

Exame de sangue pode detectar metástase em pacientes com câncer de pele

Melanoma: doença é tipo menos comum, porém mais grave de câncer de pele (Peter Dazeley/Getty Images)

Melanoma: doença é tipo menos comum, porém mais grave de câncer de pele (Peter Dazeley/Getty Images)

No futuro, um simples exame de sangue poderá revelar se o melanoma, tipo mais grave de câncer de pele, se espalhou pelo organismo de um paciente com a doença. Um estudo britânico descobriu uma forma de identificar, com base na análise celular, quando uma determinada mutação genética é capaz de espalhar o tumor para outras partes do corpo.

O melanoma tem origem nas células produtoras de pigmentos e, apesar de ser um tipo menos comum de câncer de pele, é considerado o mais grave por geralmente resultar em metástase.

A nova pesquisa foi divulgada durante a conferência do Instituto Nacional de Pesquisa em Câncer da Grã-Bretanha (NCRI, sigla em inglês), que acontece até esta quarta-feira em Liverpool, na Inglaterra. No estudo, os pesquisadores analisaram células cancerígenas obtidas das amostras de sangue de pacientes diagnosticados com melanoma, olhando especificamente para o gene TFP12. Sabe-se que esse gene ajuda a controlar uma proliferação acima do normal de células da pele e, consequentemente, contribui com a prevenção do câncer.

Os cientistas descobriram que pacientes com melanoma apresentam alterações genéticas que “desligam” o TFP12. O grupo também observou que essa mutação ocorre em diferentes níveis, que são maiores quanto mais avançado está o câncer. A partir desses achados, os autores concluíram que medir os níveis de alteração no gene TFP12 pode ser uma forma de identificar quais pacientes com melanoma apresentam metástase.

“Uma vez que o melanoma se espalha, o tratamento se torna muito mais difícil. Detectar se a doença entrou ou não em metástase também é um grande desafio”, diz Tim Crook, oncologista da Universidade de Dundee, na Grã-Bretanha, e coordenador do estudo. “Ao usar o exame de sangue, nós podemos ter uma forma simples e precisa de descobrir o quão avançada está a doença, assim como ter um sinal de alerta sobre se o câncer começou a se espalhar. Há evidências crescentes de que os novos tratamentos são mais eficazes nesses estágios iniciais. Então, identificar a metástase mais precocemente pode aumentar as chances de cura.”

FONTE: REVISTA VEJA